– A comunicação humana sempre foi marcada por nuances, mas o advento das redes sociais intensificou algumas dinâmicas que antes eram restritas ao convívio social direto. Observamos uma crescente atração pela toxicidade, definida como comportamentos ou interações que promovem discórdia, desrespeito e hostilidade, que se manifesta em ambientes que deveriam ser propícios ao diálogo e ao crescimento, como o LinkedIn e outras plataformas digitais. Essa realidade nos leva a questionar: por que a toxicidade tem tanto apelo em nossa comunicação contemporânea?
– Historicamente, o ser humano tem uma afinidade com o conflito. Desde os tempos de Aristóteles, a ideia de “catarse” — a purificação emocional que o drama proporciona — tem sido uma constante. Ao interagir em discussões acaloradas ou ao se deparar com conteúdos polêmicos, muitos sentem uma descarga emocional que os impulsiona a se manifestar. Essa busca por envolvimento emocional acaba por criar um ambiente onde o drama e a rivalidade se tornam protagonistas, eclipsando a verdadeira essência da comunicação: a troca de ideias e o aprendizado mútuo.
– Psicologicamente, Freud nos ajudaria a entender que as redes sociais funcionam como um espaço onde o nosso “id” — a parte mais primitiva e instintiva da mente — se manifesta sem as barreiras que normalmente encontramos na comunicação face a face. Assim, essas plataformas se transformam em um campo de batalha onde, em vez de construir pontes, muitos escolhem levantar muros. A validação imediata, representada por likes e comentários inflacionados, alimenta essa dinâmica, levando as pessoas a buscarem status em vez de conexão real.
– Esse fascínio pela toxicidade é, em parte, uma busca por poder e reconhecimento. Ao “vencer” uma discussão ou ao se posicionar de forma polêmica, muitos experimentam uma sensação de status que, embora momentânea, pode ser sedutora. No entanto, devemos nos perguntar: essa forma de reconhecimento realmente tem valor? Nietzsche já afirmava que onde há luta, há força, mas é essencial refletir se essa força é o que realmente queremos cultivar em nossas interações.
– A verdadeira essência da comunicação deve ser a conexão e a colaboração. Precisamos refletir: desejamos continuar alimentando um ambiente de conflitos ou aspiramos a um espaço onde possamos evoluir juntos? Em tempos de polarização, talvez seja o momento ideal para redescobrir a importância de diálogos construtivos. A comunicação deve ser uma ponte, não um campo de batalha.
– A transformação de debates em aprendizados é fundamental para criarmos um espaço mais saudável e produtivo. Ao priorizarmos a empatia e o respeito nas interações, podemos resgatar o verdadeiro potencial da comunicação, seja nas redes sociais ou na vida cotidiana. Que possamos, juntos, optar pela evolução e pelo entendimento mútuo, promovendo um ambiente onde a troca de ideias possa florescer, em vez de se restringir ao confronto.
Adriano da Silva Santos, sócio da Tamer Comunicação
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