O cenário econômico global continua bastante conturbado com duas guerras ainda em curso sendo a da Ucrânia e Rússia somada a mais recente invasão israelense a Faixa de Gaza após o ataque terrorista realizado pelo Hamas a Israel no último dia 7 de Outubro. Porém, apesar de todas estas mazelas humanas os olhos da economia mundial continuam ainda voltados para a inflação e as taxas de juros norte americana que foram mantidas nesta última reunião de Dezembro entre 5,25% e 5,50% ao ano, em decisão unânime do FOMC (Federal Open Market Committee) demostrando que o Banco Central dos EUA, o FED (Federal Reserve Bank), tem acertado na dose do remédio desde Julho, data do último aumento de juros em 0,25 ponto percentual. Em resumo o FED ficou em linha com as expectativas do mercado e que por essa razão pode ser favorável para os países emergentes em 2024, incluindo o Brasil, que voltarão a receber recursos de investidores estrangeiros. Isso porque como os Estados Unidos são considerados excelentes pagadores dos seus títulos públicos emitidos a mercado quando se há a expectativa de mais aumento de juros o mundo prefere deixar seus recursos investidos em ativos livre de risco norte-americanos. Caso contrário, os investidores buscam alocações de maior risco e maior retorno. Outro ponto importante é que o aperto econômico nos Estados Unidos vem diminuindo mostrando uma tendência de novas próximas quedas nas taxas básicas de juros americanos puxando para baixo também a nossa Selic.
No caso do Brasil, as expectativas para 2024 são positivas mesmo com todos os desafios que já conhecemos como os gargalos na infraestrutura e nas dezenas de impostos sobre o consumo e sobre a produção e que tenta ser amenizada com a Reforma Tributária deixando o Estado menos pesado não somente para as empresas mas também para as pessoas e para as suas famílias. Com isso, preparei para o leitor uma síntese com as principais projeções esperadas pelo mercado financeiro para a inflação, câmbio, Produto Interno Bruto (PIB) e para a Taxa Selic:
Inflação:
A inflação é um indicador crucial para a estabilidade econômica de qualquer país e basta vermos o que ocorreu ao longo deste ano com os nossos hermanos argentinos que sofrem com uma crise econômica sem precedentes e com uma inflação acumulada de 160,9%. Em 2024, espera-se que o Brasil mantenha a trajetória de controle inflacionário, com projeções apontando para mais quedas no IPCA, índice oficial do governo, que segundo o ultimo boletim Focus do Banco Central em 08/12 houve um decréscimo de quase 0,6 pontos percentuais, ou seja, de 4,51% em 2023 para 3,93% em 2024. Se a política monetária funcionar com um controle de gastos responsável trazendo o déficit das contas públicas para as metas anunciadas pelo governo que é de zero de déficit primário ou próximo disso, poder-se-á colher como fruto disso, uma gradual recuperação da atividade econômica contribuindo consequentemente para manter a inflação dentro das metas estabelecidas pelo Banco Central.
Câmbio:
A taxa de câmbio é uma variável que impacta diretamente a economia brasileira, especialmente por sua influência nas exportações e importações. A expectativa para 2024 é de que o real se mantenha em um patamar competitivo, favorecendo a balança comercial. Contudo, riscos geopolíticos e eventos internacionais podem impactar a volatilidade cambial. A projeção, segundo o Focus, é que manteremos o câmbio no patamar de R$5 por dólar sendo, com isso, também um bom indicativo para o controle da inflação que poderá se manter a níveis aceitáveis já que os produtos importados não sofrerão com a variação cambial assim como as exportações que continuarão aquecidas já que não serão necessários menos dólares para aquisição de nossas commodities, por exemplo.
PIB (Produto Interno Bruto):
O crescimento econômico é uma métrica crucial para avaliar o desenvolvimento de um país. No final de 2022 a expectativa de PIB para 2023 era de apenas 0,3% de crescimento, porém, contrariando todas as expectativas estamos fechando o ano com um Produto Interno Bruto próximos a 3% (10x mais em relação a expectativa) segundo projeção realizada pelo FGV/Ibre. Para 2024 a expectativa de crescimento para o Produto Interno Bruto brasileiro é mais modesto e deve recuar para 1,5%.
Taxa Selic:
A Taxa Selic desempenha um papel crucial na regulação da oferta de dinheiro e na política monetária. Em 2023 encerramos, após a última reunião do ano do Comitê de Política Monetária, com uma taxa básica de juros de 11,75%, resultado da queda de 0,5 pontos percentuais de quarta-feira sendo o quarto corte seguido de juros somente neste ano. Para 2024, as projeções indicam um cenário de queda gradual na taxa básica de juros podendo atingir o patamar de 9,25%, o que é bastante positivo para o crédito e para os investimentos. No entanto, ajustes na Selic podem ocorrer pelo Banco Central brasileiro dependendo do comportamento da inflação e do cenário global.
Enfim, as perspectivas para a economia brasileira em 2024 são, em geral, promissoras, mas para isso precisamos equilibrar a necessidade de investimentos e gastos públicos sem se desviar da responsabilidade fiscal. Quanto a Educação Financeira e o Planejamento Financeiro das famílias é hora de aproveitar o momento econômico e quitar as dívidas, repor as reservas de emergência e pensar no futuro realizando investimentos de curto, médio e longo prazos, sem se descuidar da acumulação para a aposentadoria que será um dos maiores desafios não somente para o ano que está por vir, mas também para os próximos.
Lembre-se que para isso você pode contar com o auxílio profissional de um Planejador Financeiro com a certificação CFP® que pode orientá-lo a tomar decisões embasadas e aproveitar as oportunidades que surgem em um ambiente econômico bastante dinâmico.
Boas Festas e um Ano Novo de Muita Paz, Saúde e Pro$peridade!
Rogério Nakata é Planejador Financeiro CFP® da Economia Comportamental e palestrante sobre os temas Educação Financeira e Planejamento Financeiro de grandes organizações.
E-mail: atendimento@economiacomportamental.com.br
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