Esta expressão é muito utilizada na Constelação Familiar; “Tomar os pais”

Tomar ou receber os pais, corporificar os pais, é perceber, interiorizar, sentir e assentir os pais e a história deles que também é a sua!

Às vezes o que acontece é que queremos separar o inseparável. Queremos ficar só com a parte boa da história. Queremos negar ou excluir o restante. Aí está o maior erro. Se na família do seu pai ou da sua mãe existe o padrão do alcoolismo, obviamente que iremos excluir isso ou então fazer igual. Se existe o padrão das doenças mentais, a tendência é esconder isso enquanto for possível. Se prevalece o padrão das mulheres que não se casaram ou dos casamentos que não perduraram, iremos a princípio julgar ou querer passar longe dessa realidade. Tudo isso são maneiras de excluir. Na verdade, vamos fazer igual numa forma de tentar pertencer e temer o diferente do padrão do clã ou vamos fazer totalmente diferente e nos sentir culpados por isso.

O fato é que estamos na “sopa” de um determinado sistema misturados a ela. E tentar excluir o pai ou a mãe porque a sopa de onde eles vieram não está boa, vai te gerar sérias consequências. Perceba que existe sempre uma “preferência” pelo sistema da mãe ou do pai. Você já parou pra pensar o motivo pelo qual você tem essa preferência? Você é formado geneticamente por ambos, portanto eles também são formados pelos avós, bisavós e assim por diante. Sabe-se que 7 gerações estão reverberando em nosso corpo. Imaginem quantos ingredientes estão nessa grande sopa! E você na sua inocência ou arrogância pensa que pode separar o que é considerado “ruim”?

Esse “ruim” é muito relativo. À primeira vista pode parecer mesmo ruim, mas se você olhar além do aparente vai perceber que o ruim pode ter sido só um recurso de sobrevivência a tantas dores do sistema. O vício revela isso. Se a pessoa não tivesse o vício ela morreria. E aqui não estou dizendo que permanecer no vício é o ideal, longe disso, mas pra pessoa imersa na identificação com alguém excluído do sistema, em suas dores, naquilo que não foi visto, não existem muitas saídas. Ela vira o bode expiatório ou a ovelha negra da família até que alguém do sistema comece a olhar pra isso.

Dessa forma, comece a prestar atenção naquilo que você julga, nega ou exclui na sua família materna ou paterna e perceba que seus pais foram os pais certos para você! No final tudo é sobre AMOR! Se você prefere a família da mãe porque essa família te deu mais amor, talvez a família do pai então esteja precisando muito agora desse seu olhar mais amoroso e compassivo, porque talvez na família desse pai a escassez não tenha sido só em relação a bens materiais, mas também escassez de afeto, paciência, diálogo. Entende? Veja quanta escassez, e você querendo excluir, tirar essa parte que está aí inclusive dentro de você. Este é o poder do olhar sistêmico! Ele é amplo e quer incluir tudo e todos para que novidades cheguem ao sistema e ele possa avançar!

Tomar os pais requer humildade e grandeza ao mesmo tempo. Você toma tudo, percebe que aquilo que foi ruim está aí te rodeando, você se relaciona com isso e escolhe ficar com a parte boa. Segue, não deixando de entender que o que foi ruim também pôde trazer força ao sistema.

Ana Luiza Marangon é Terapeuta Sistêmica e Integrativa, especialista em Constelação Familiar, formada em Economia Doméstica pela Universidade de Viçosa-MG. @ana luiza.marangon / tel:12.99747.1536