– A Inteligência Artificial (IA) e a Computação Cognitiva têm revolucionado diversos setores, e o campo da saúde não é exceção. Essas tecnologias têm o potencial de melhorar significativamente a assistência aos pacientes, otimizar os processos de gestão e impulsionar descobertas médicas. No entanto, é importante entender tanto os benefícios quanto os riscos associados ao uso da IA na área da saúde, especialmente quando se trata do envolvimento dos leigos. Neste artigo, exploraremos a importância da IA na assistência aos pacientes e na gestão de saúde, além de destacar alguns dos riscos que precisam ser considerados.
– IA na Assistência aos Pacientes: A IA oferece inúmeras oportunidades para aprimorar a assistência aos pacientes, melhorando a precisão dos diagnósticos, personalizando tratamentos e aperfeiçoando o monitoramento da saúde. Abordaremos os seguintes pontos:
a) Diagnóstico Assistido por IA: A IA pode auxiliar os médicos na identificação de doenças complexas, analisando grandes quantidades de dados clínicos e de imagem. Por exemplo, algoritmos de IA têm mostrado resultados promissores na detecção precoce de câncer de mama a partir de mamografias (Esteva et al., 2017). Além disso, a IA tem sido aplicada no diagnóstico de doenças como retinopatia diabética (Gulshan et al., 2016) e melanoma (Haenssle et al., 2018).
b) Medicina Personalizada: A IA pode ajudar a adaptar os tratamentos às necessidades individuais de cada paciente, levando em consideração fatores genéticos, histórico médico e outros dados relevantes. Por exemplo, a combinação de IA e genômica permitiu avanços na identificação de alvos terapêuticos específicos para certos tipos de câncer (Korotkevich et al., 2018). A personalização de tratamentos também tem sido aplicada em áreas como medicina de precisão e farmacogenômica.
c) Monitoramento Contínuo: A IA pode capacitar dispositivos de saúde inteligentes a monitorar pacientes em tempo real, possibilitando uma intervenção precoce e prevenindo complicações. Por exemplo, sensores e algoritmos de IA têm sido usados no monitoramento de pacientes com doenças crônicas, como diabetes e insuficiência cardíaca, permitindo ajustes imediatos de tratamento com base nos dados coletados (Inan et al., 2018). – – Além disso, a IA pode contribuir para a detecção de deterioração clínica em unidades de terapia intensiva (Johnson et al., 2018).
– IA na Gestão de Saúde: Além da assistência direta aos pacientes, a IA também pode otimizar os processos de gestão de saúde, melhorando a eficiência operacional, reduzindo custos e permitindo uma melhor alocação de recursos. Exploraremos os seguintes aspectos:
a) Análise de Dados e Predição: A IA pode analisar grandes volumes de dados clínicos e epidemiológicos, identificando padrões, fazendo previsões e apoiando a tomada de decisões. Por exemplo, algoritmos de IA têm sido aplicados com sucesso na análise de exames laboratoriais para identificar infecções hospitalares (Haeberlen et al., 2017). Além disso, a IA tem sido utilizada na previsão de readmissões hospitalares e na identificação de pacientes com maior risco de complicações (Rajkomar et al., 2018).
b) Automação de Processos: A IA pode automatizar tarefas administrativas e repetitivas, liberando tempo para os profissionais de saúde se concentrarem em cuidados mais diretos e humanos. Por exemplo, chatbots baseados em IA têm sido utilizados para auxiliar no agendamento de consultas, fornecer informações básicas sobre condições médicas e responder a perguntas frequentes dos pacientes (Laranjo et al., 2018). Além disso, a automação de processos tem sido aplicada em áreas como faturamento hospitalar e gestão de estoques.
c) Melhoria da Eficiência Hospitalar: A IA pode otimizar o fluxo de pacientes, melhorar a gestão de leitos, programar cirurgias e facilitar a logística hospitalar. Por exemplo, algoritmos de IA têm sido usados para prever a demanda de leitos hospitalares, permitindo uma melhor alocação de recursos e reduzindo a superlotação (Churpek et al., 2016). Além disso, a IA tem sido aplicada na programação de salas cirúrgicas, levando em consideração preferências de cirurgiões, disponibilidade de equipamentos e complexidade dos procedimentos.
– Riscos do Uso da IA pelos Leigos: Embora a IA ofereça inúmeros benefícios, seu uso por leigos também apresenta alguns riscos que devem ser abordados e mitigados. Discutiremos os seguintes pontos:
a) Diagnósticos Autônomos: Existe o risco de pessoas confiarem em aplicativos ou dispositivos de IA para realizar diagnósticos sem buscar a orientação adequada de profissionais de saúde. É importante ressaltar que a IA ainda não substitui a expertise clínica e a avaliação médica completa. A busca de atendimento médico qualificado é fundamental para uma avaliação adequada e um plano de tratamento correto.
b) Viés e Falhas dos Algoritmos: Existe a possibilidade de algoritmos de IA apresentarem vieses ou erros, levando a recomendações inadequadas de tratamento ou decisões equivocadas. É necessário garantir que os algoritmos sejam treinados com dados representativos e que sejam periodicamente avaliados e aprimorados para evitar discriminação ou resultados incorretos.
c) Proteção de Dados e Privacidade: A necessidade de garantir a segurança e a privacidade das informações dos pacientes, evitando violações e usos indevidos de dados. Os dados coletados pelos sistemas de IA devem ser devidamente protegidos e estar em conformidade com as regulamentações de privacidade, como o Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Conclusão: A IA e a Computação Cognitiva têm o potencial de transformar a saúde, proporcionando avanços significativos na assistência aos pacientes e na gestão de saúde. No entanto, é fundamental entender os riscos associados a essas tecnologias, especialmente quando utilizadas pelos leigos. Ao adotar uma abordagem responsável e ética, podemos maximizar os benefícios da IA na saúde, garantindo ao mesmo tempo a segurança, qualidade e experiência do paciente.
Mas será que seremos substituídos? Certamente que não, teremos mais tempo para as relações humanas.
“Em terra de robôs que tiver coração será rei. ”
Dr. André Chiga é médico cardiologista. MBA Gestão Estratégica de Negócios pela USP. Gestão Estratégica de Marketing pela HSM University. Professor de Estratégia na Saúde – Fundação Dom Cabral. Diretor do Hospital São Francisco de Assis. Mentor Executivo da Universidade Corporativa da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética). Presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Executivos.
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