O candidato pragmático

            Candidato a cargos municipais devem ser pragmáticos: qual é o diagnóstico da cidade? Quais as ações para superar as demandas? Qual o papel de negociação com os outros entes federativos? Quais os prazos previstos para as metas de curto, médio e longo prazos?

            É muito importante exigir que os candidatos tenham essas preocupações – que são legítimas – para que as eleições municipais não sejam recheadas de declarações moralistas, performáticas partidariamente e acusatórias – demonizando adversários políticos.

            Apesar das ideologias partidárias, a maior ideologia de um candidato da política local é a eficiência. Chega de propostas que se cumprem apenas para propagandear as próximas eleições, pois o que queremos é a fluidez nas execuções das necessidades da cidade.

            O que já estamos assistindo, especialmente nos dois últimos pleitos municipais, são candidatos abordando temas que não são de sua alçada. Suposta “defesa da família”, “contra o aborto”, ou “ideologia de gênero” são apenas chavões para mexer nas emoções das pessoas e no seu moralismo para obter votos. Contudo, o que queremos são propostas reais diante dos reais problemas da cidade.

            Candidatos aos cargos de prefeito e vereador devem ser a favor da democracia, da participação popular, da prestação de contas e do enfrentamento pelo bem da coisa pública. Na boca de um candidato deve estar o conhecimento sobre a cidade nos seus diferentes aspectos e necessidades. Quem estuda, estabelece metas e assume os riscos trazendo sobre si responsabilidade é que merece o voto.

            Expurgado pelo eleitor deve ser o candidato irracional, pois denuncia a sua própria incompetência quando o que tem para oferecer são fotos e discursos que não pertencem a vida cotidiana. Esse, que muitas vezes culpa o outro de ideológico, supondo-se neutro, é mais ideológico e ineficiente.

            O que Jacareí precisa são de candidatos que cumpram o Plano Diretor, que invistam na manutenção da cidade, que cuidem do orçamento municipal, que planejem obras e políticas públicas que ainda não existem aqui, que aumentem o que já temos, que chegue no endereço do munícipe as ações do poder executivo municipal.

Aguardamos, assim, as propostas bem elaboradas, candidatos com coragem de chegar na porta de nossas casas, um debate entre os candidatos competitivos e não gladiadores da ordem moral, com cada coisa em seu lugar. Chega de usar religião, família e cinismo para manipulação!

Gustavo Montoia é geógrafo e doutor em Planejamento Urbano e Regional pela UNIVAP. É docente dos Colégios Univap e da EE Francisco Feliciano F. da Silva (Verdinho) e pesquisador-colaborador do Laboratório de Estudos das Cidades da Universidade do Vale do Paraíba. @semanariojornal

MAIs LIDAS