O aprender com a experiência

Odete Guerra

O início de um novo ano é sempre um momento para nossa mente repensar as experiências vividas, as mudanças que a vida trouxe e traçar novos projetos, com novas expectativas de transformações.

• Fazer a retrospectiva das promessas feitas e realizadas no ano anterior, das lições aprendidas e das conquistas nos diversos contextos. Para que isso se realize, faz-se necessário o autoconhecimento para a compreensão e consciência das limitações emocionais, das travas psicológicas quanto ao que se conhece de si mesmo, para a expansão da capacidade de pensar acerca da travessia mental, num lugar onde possa discutir o próprio sofrimento, angústias, sem ser atravessado por opiniões e julgamentos – a não ser os que moram em si mesmo. e o aprender com as experiências emocionais.

• Dos resultados favoráveis obtidos, pode-se observar, por exemplo, nas promessas de realização de dietas para emagrecimento, de frequentar academias, mudar de emprego e ou estudar. É preciso, portanto, avaliar as mudanças exigidas pelos novos hábitos, atitudes, comportamentos e as transformações psicológicas, do estado da mente, alcançadas. Já nos projetos não realizados e com o sentimento de culpa ou de frustração, com aqueles que não saíram como o esperado, o que se pode aprender da experiência?

• O exemplo clássico de Ulisses, na Odisseia, de Homero, mostra-nos que a travessia é o desenvolver-se como ser humano, o encontrar e aceitar o sofrimento, o perseverar em alcançar seus objetivos, mesmo que leve muito tempo, sem desistir jamais. Para isso, é indispensável “abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares”. “É tempo da travessia e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”, como escreveu Fernando Pessoa.

• Mesmo que queiram ir adiante para enfrentar novos desafios, é muito comum que algumas  o físico. Nem todos conseguem lidar com os bloqueios emocionais que podem surgir em algumas fases da vida. As atitudes, nesse momento, não são necessariamente guiadas pelos interesses, vontades ou tampouco conscientes. É preciso, então, olhar para o começo da ação, do agir sobre os sentimentos, das escolhas, dar novos significados a elas, trocando quando não faz mais sentido, buscando dar novo sentido à vida, e atravessar o caminho, assumindo as escolhas feitas. – Vale observar que é natural, nesta caminhada, nos deparamos com noite e dia, chuva e sol, água e deserto, pois são nossos sentimentos e emoções também. Alegria, tristeza, saudade, amor, medo, ambição, surpresa, medo da frustração, todos eles modelam quem somos, como nos relacionamos com o mundo e como atravessamos cada um dos nossos dias. “O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é na travessia”, como escreveu Guimarães Rosa. A travessia deveria ser a coisa mais importante a ser levada em conta por qualquer pessoa e não os seus limites.

• Portanto, caro leitor, para que a mente entenda que uma nova oportunidade pode surgir e possibilitar, novos caminhos e novas formas de viver, o momento ideal são os 365 dias novinhos à sua frente. Ao investir em autoconhecimento, você entende melhor quem é, o que quer e como chegar lá. Saber disso te ajuda a tomar decisões melhores em diferentes aspectos da vida, como: a transição de vida e carreira, as relações interpessoais, os problemas de estresse, as crenças limitantes, a baixa autoestima, as crises de ansiedade, entre outros.

• É sempre bom refletir sobre o que se aprendeu da experiência emocional vivida de uma mudança, ano, instante ou momento, para poder transformar. Desejo um Ano Novo com todas as mudanças que você aspira, criando um novo significado para a sua vida.

Odete Alves da Silva Guerra dos Santos – Psicóloga clínica há mais de 30 anos, mestrado pela universidade de Taubaté, Formação em Psicanálise. Lecionou nas principais faculdades da região.

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