Espetáculo “Arigatô…Sayonara” apresenta trabalho sobre a Imigração Japonesa no sábado, dia 30 no Teatro Ariano Suassuna

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Entre partidas e chegadas, saudade e descobertas, dores e encontros, gratidão e despedida, “arigatô… sayonara”, atravessa oceanos e o tempo para contar, por meio do gesto, a trajetória dos imigrantes japoneses no Brasil. Inspirado na linhagem familiar da diretora artística do grupo Erika Novachi, cujos avós deixaram o Japão ainda jovens para recomeçar suas vidas em terras brasileiras, a obra mergulha nas emoções dessa travessia e será apresentada em Jacareí, no dia 30 de agosto, sábado, no Teatro Municipal de Ariano Suassuna, às 20h. Uma oficina de dança contemporânea também será ministrada pelo grupo, às 10h, na Sala Mário Lago. A entrada é gratuita.

Com coreografias de Erika Novachi, Jhean Allex, Lenon Vitorino e Mary Santos a obra une a força da dança contemporânea, do jazz dance e do lyrical jazz, para transformar e registrar memórias em movimento. Uma dança que revela resistência e pertencimento e é uma celebração da força, da tradição e da transformação, revelando que as histórias de nossos antepassados ainda dançam e vivem em nós.

“Sou sansei, neta de japoneses que chegaram ao Brasil com sonhos na bagagem e raízes profundas no coração. Nasci em solo brasileiro, mas cresci imersa na cultura oriental. Aqui, sempre fui chamada de “japonesa”. Mas quando estive no Japão, ouvi pela primeira vez: “dekassegui”. Estrangeira e durante muito tempo vivi esse entrelugar: não completamente daqui, nem de lá. Era como se eu não pertencesse a nenhum dos mundos e foi entre memórias familiares, tradições e minha própria história, que fui encontrando meu lugar. Eu não era completamente brasileira. Tampouco era completamente japonesa. Mas era profundamente as duas coisas. Eu carrego, no corpo e na alma, um legado precioso – feito de gestos contidos, de silêncio que fala, de resistência disfarçada de doçura”, rememora a coreógrafa.

Segundo Erika Novachi foi “ao conhecer o Japão que entendi a profundidade da minha identidade. Percebi que não sou metade de nada. Sou inteira: fruto da resistência dos meus avós, da acolhida brasileira e da fusão de duas culturas que se entrelaçam dentro de um corpo. Sou neta de quem cruzou oceanos sem saber o que encontraria, mas levando consigo toda uma cultura nas mãos. Eu sou filha do deslocamento, sou o elo. O recomeço”. Para ela o espetáculo arigatô… sayonara nasce desse lugar de emoção profunda, “do meu desejo de transformar essa busca por pertencimento em dança. É minha forma de agradecer aos antepassados, de honrar os que vieram antes de mim, de reverenciar suas dores e conquistas, e de afirmar, dançando, que nossa história continua viva. Porque ela pulsa no meu corpo. E dança comigo”.

Em 2025, celebra-se os 130 anos de amizade Brasil-Japão. O tratado foi assinado em 1895, e em 1908 chegou ao Brasil o navio Kasato Maru com os primeiros imigrantes japoneses. Essa imigração, que teve seu ápice entre 1908 e 1960, resultou na formação da maior comunidade japonesa fora do Japão, com cerca de dois milhões de descendentes no Brasil, segundo o Ministério das Relações Exteriores do Japão.

“Brasil e Japão: dois mundos, uma dança contínua. Habitamos inteiros sem deixarmos de ser dois em um. A cultura permanece na terra, na memória. Ela não perde. Se move, se renova, se transforma. Vive no corpo. Dança. arigatô… sayonara, sayonara, arigatô…”, finaliza Erika.

OFICINA DE DANÇA CONTEMPORÂNEA

A Companhia oferece uma oficina de dança contemporânea na cidade, com o professor Cleberson Santos, integrante do elenco da obra, das 10h às 11h30, na Sala Mário Lago (Rua Barão de Jacareí, 122 – Centro). As inscrições são gratuitas pelo email abaixo e o interessado deve enviar email, idade e telefone: galpao1ciadedanca@gmail.com.

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