Em nossa História existe um episódio que pode ser visto sob dois ângulos adversos. Aliás a História sempre tem dois lados, duas maneiras de ser olhada, como tudo na vida. Na busca da verdade nem sempre atingimos o objetivo, mas chegamos perto. Para isso é preciso ser isento de ideologias e preconceitos
Creio que, ao final desta leitura estará você no centro desta discussão.
O sal, tal como hoje, antigamente, nos séculos XVI a XVIII, ainda tinha uma posição comercial mais relevante, tanto que era monopolizado pelos governantes. Vinha de Portugal, nas caravelas, e era classificado como “velho” e “novo”; o novo absorvia maior quantidade de umidade, na longa travessia oceânica, havia, portanto, uma diferença na pesagem do produto.
No Boletim Geográfico número 200, da Fundação IBGE, publicação de maio/agosto de 1959. Foi publicado um estudo de Regina Lopes Teixeira intitulado “Monopólio do Sal no Brasil – transporte”. Curioso material histórico que nos ajuda a entender melhor o famoso episódio do Sal com o fazendeiro jacareiense Bartholomeu Fernandes de Faria.
Portugal tinha o monopólio do sal, o que significava o controle rígido de sua comercialização. “O Rei, escreveu Regina, passou a ser um comerciante e como tal fiscalizava seus interesses. Surgiram os choques e rivalidades e o monopólio tornou-se para o rei, além de fonte de renda, uma arma de política externa. Esse método econômico era ótimo para o monarca, porque usufruía todos os benefícios e não possuía concorrentes na produção e venda. Era uma mercadoria rendosa pela procura humana.
Essas observações da articulista esclarecem fatos sobre a comercialização do sal, que nos faz entender o famoso episódio do sal com a figura central do fazendeiro jacareiense Bartholomeu Fernandes de Faria. A história é tão interessante e constituída de façanhas que inspiraram o escritor Afonso Schimdt ao escrever o livro O Assalto. É uma leitura interessante. Bartholomeu saiu de Jacareí com 200 homens muares, índios escravos foi até os armazéns de estoque de sal, em Santos, no litoral paulista e, depois de tirar a quantia necessária, pagou o justo preço e voltou para Jacareí. As tropas do governo perseguiram o fugitivo, mas não conseguiram prendê-lo por serem recebidos à bala e seu forte, aqui em Jacareí. Isso aconteceu em 1711. Em 28 de abril desse foi ordenada a sua prisão, porém somente foi preso em 1718 e levado para a Bahia. No processo ele é chamado de régulo, que significa “chefe de pouca importância, mas de temperamento tirânico”.
Não quero contar mais, espero que você deixe de lado o aparelho eletrônico leia o livro e saboreie a história.
Há algumas dezenas de anos tive a oportunidade de ter em mãos no Arquivo do Estado, numa visita que fiz ao então Secretário da Cultura Cunha Bueno, um grosso processo manuscrito sobre os crimes de Bartholomeu, acusado de vários crimes.
Para concluir e aguçar a sua curiosidade Bartholomeu não era um homem comum, um simples fazendeiro, ele aparece em certo tempo na História, como exercendo a função de Tesoureiro da Casa da Moeda, Minas e Quintos Reais, o que não era pouca coisa.
Não existe, até agora, nenhuma imagem de Bartholomeu Fernandes de Faria.
No livro “Mogi das Cruzes! De 1601 a 1649”, do falecido historiador, Isaac Grimberg, a ilustração de Manoel Victor Filho, representa como eram os antigos moradores do Vale do Paraíba
Benedicto Sérgio Lencioni é professor, historiador, advogado, pintor, escritor e político de Jacareí. Escreveu diversos livros sobre a história da cidade. Foi vereador por duas legislaturas e posteriormente também foi prefeito por dois mandados.
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