A AVENIDA CORONEL CARLOS PORTO…
… tem uma história interessante. Ela se inclui no conhecido centro histórico, que é a parte da cidade restrita ao Largo da Matriz. São ruas estreitas e becos. A Rua Sargento Acrísio Santana, conhecida como rua do Correio, é uma ruela, ou melhor, um verdadeiro beco, como a rua B. Brado, atrás da Matriz.
Saindo do Largo da Matriz existia um beco que ia dar na chamada rua do Pastinho, hoje conhecida como Rua Dr. Lúcio Malta, ou rua do Mercado.
A Avenida Coronel Carlos Porto deixou de ser beco quando foi construído o Mercado Municipal, cuja história já contei em outro artigo. Houve necessidade de várias despesas, inclusive para derrubar muros de taipa e, provavelmente, alguma construção. Para cobrir esses gastos a Câmara Municipal da época, num deslumbre de mentalidade fértil e criativa, criou um imposto justo, com tempo determinado, para levantar fundos para concluir o prédio do Mercado e, com parte desse recurso, transformar o beco numa rua que foi denominada de avenida. Era sim uma avenida para a época, mas uma simples rua para os dias atuais. O imposto incidia sobre o número de portas e janelas que o prédio possuía; quanto maior o número de janelas e portas, maior era o imposto. Isto indicava o tamanho do imóvel e o seu valor expressava o grau de capacidade econômica do proprietário. Ideia engenhosa e justa para a cobrança de um imposto. O Mercado era uma obra que serviria toda a população e, para isso, a contribuição de cada um, de acordo com sua posse, foi possível concluir a obra. O imposto era de $500 réis para cada janela e porta.
Para transformar o beco em avenida foi contratado o coronel Benedicto Bertholdo Ferreira da Silva com a ” Obrigando-se a fazer, de acordo com o contrato “… com as dimensões estabelecidas, … demolir os muros velhos e levantar muros de tijolos em ambos os lados … desde a rua Sete de Abril até a Rua Dr. Lúcio Malta e rebocado para o lado da avenida … ao custo de três contos e quinhentos mil réis em três parcelas” – conforme a planta. O serviço deveria estar pronto em três meses, sob pena de multa. O contrato foi assinado aos 11 dias do mês de maio de 1903.
As cidades velhas como a nossa, têm uma história a ser contada sobre cada metro quadrado de seu território. Largos, ruas, becos, casas, muros guardam como relíquias, momentos da vida de cada um de seus moradores antigos e atuais. O saudoso Jobanito foi um incansável e entusiasta cronista que nos deixou muitas recordações que enriquecem nossa História. Este jornal publicou parte de suas crônicas num livro que é um tesouro de memórias das nossas ruas.
A cidade de Jacareí não é uma “cidade feinha”, como disse-me uma acompanhante, na enfermaria de um hospital. Não me contive e expliquei as origens da cidade que, inclusive gerou, as vilas de São José dos Campos, Paraibuna e Santa Branca. Mais velha que Ouro Preto, nasceu em 24 de novembro de 1653. Depois de ouvir as rápidas explicações pediu desculpas a acompanhante e disse que desconhecia o que lhe contei.
Por esta foto é possível ver-se à esquerda, onde hoje é a Padaria Paris, o começo do beco que deu origem à Avenida Coronel Carlos Porto. O prédio em escuro projeta sombra no beco. A foto da Rua Antonio Afonso, o trecho que passa pela Praça da Matriz, mostra à direita, parte do prédio que foi o palacete do Barão de Santa Branca, demolido em 1940.
Benedicto Sérgio Lencioni é professor, historiador, advogado, pintor, escritor e político de Jacareí. Escreveu diversos livros sobre a história da cidade. Foi vereador por duas legislaturas e posteriormente também foi prefeito por dois mandados.
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