Cidade no Tempo – Carnaval de 1907

Benedicto Sergio Lencioni

CARNAVAL DE 1907

O jornal local chamado “O Jornal” de 17 de fevereiro de 1907, publicou sobre o carnaval daquele ano.

“Conforme tínhamos previsto, tiveram grande influência e notável esplendor nesta cidade os festejos carnavalescos. Apesar de resolvida, à última hora a sua realização, conseguiram os denodados admiradores de Momo apresentar um imponente e luzido préstito que deliciou a população inteira desta cidade.

Os Bambas – foto Carnaval de 1926 (ou 1936) – Local: 4 cantos

O préstito saiu segunda feira à noite e o seu deslumbrante efeito foi um tanto prejudicado pelo mau tempo. Em que pese aa meia dúzia de despeitados é esta a opinião geral dos habitantes desta terra.

Para dar uma ligeira ideia, vãos fazer uma pequena descrição do préstito.

À frente vinha uma banda de clarins, fantasiados de pierrô e em seguida os jovens Flavinho e Petrarca fantasiados de turco, montados em garbosos ginetes.

O 1º carro era uma alegoria à República. Tinha o busto da República suportado por artística coluna, envolto na Bandeira Nacional. No sopé da coluna estavam as galantes meninas Nirva de Moraes e Dedé Ferreira, representando aquela o Estado de São Paulo e esta a República Brasileira.

O 2º carro era uma alegoria de flores. Era de felicíssima concepção. Compunha-se de um vaso grego e de um grupo de gentis e distintíssimas senhoritas Gilda e Guilhermina Moreira, filhas da senhora D. Celina Moreira; Dorinha Bayma, neta do Dr. Bayma e Anésia de Siqueira, filha da senhora Dª  Maria Franco de Siqueira, todas estavam galantemente vestidas a floristas. Os jovens doutores Alcebíades Delamare , Teóphilo Aranha, Henrique e Antonio Bayma, em trajes campesinos montados em ligeiros corcéis faziam guarda de honra a este carro que causou muita admiração.

Vinha depois um landau enfeitado, conduzindo as senhoritas Clotilde Salles e gentilíssima irmã, lindamente fantasiadas de camponesa espanhola, todas pertencentes à distinta família Salles.

Uma vitória, caprichosamente enfeitada conduzia as senhoritas Ophélia de Mattos e sua interessante irmãzinha, filhas do major José Bonifácio, luxuosamente trajadas com apurado e requintado gosto.

Logo após vinha um carro de crítica ao rotineiro sistema de abastecimento de água da cidade.

Uma vitória, admiravelmente guarnecida de flores e rendas conduzia a graciosa senhorita Dª Arminda Fontes, fantasiada de alentejana e mais uma galante menina, trajando à napolitana, que não podemos reconhecer.

Obs. Termina na próxima semana

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