Aos candidatos nestas eleições: percepções sobre Jacareí

O que escrevo aqui está no campo da percepção. Sei que a percepção é uma maneira de ver e perceber as coisas que nem sempre são objetivas ou não está totalmente correta. Portanto, quero deixar claro que compreendo isso. De qualquer maneira, tenho certeza de que essas impressões são presentes em muitos cidadãos de Jacareí. Cabe, então, aos candidatos lançarem luz sobre elas, com dados e explicações.

Faz 20 anos que trabalho em Jacareí e 12 anos que resido na cidade. Governos do PT e PSDB se encaixam nesta jornada. Lembro-me quando, para acessar a Rodovia Dutra na saída da avenida Getúlio Vargas, os carros paravam e esperavam a oportunidade para lançar o carro, pois, não existia marginal adequada para facilitar o acesso.

Desde aquela época escuto as mesmas queixas sobre a cidade: engenharia de trânsito mal administrada, enchentes pela cidade, bairros carentes de infraestrutura, acesso à saúde pública insuficiente. Pessoas me falavam que, para morar em Jacareí era necessário pagar convênio médico, pois hospital público na cidade, era sinônimo de atendimento demorado e possibilidade de sair “pior do que estava quando entrou”.

É claro que muitas queixas partem do senso comum e da pressa em ser atendido, contudo, não deixam de acender um alerta sobre as necessidades alarmantes. Acrescento ainda a frustração do viaduto na terceira ponte que gera um sentimento de serviço malfeito.

Apresento, ainda, alguns questionamentos que implicam governos anteriores e atuais: por que a demora em construir a terceira ponte? Lembro de ouvir sobre seu projeto em meados de 2005 – 2006. Qual o motivo, de, até os dias atuais, ainda não ter o acesso a São José dos Campos pelo bairro Parque Meia Lua? Curiosamente, as duas cidades tiveram, ao mesmo tempo, governos de prefeitos do PT e, depois, do PSDB. Como isso não foi pensado neste momento?

Além destas questões estruturais, existe a demora com a manutenção de praças, a colcha de retalhos que ficam ruas e avenidas com asfalto remendado, demoras e sentimentos de insatisfação constante. São muitas outras queixas dos munícipes e a escuta deve ser com respeito, pois são legítimas.

Também afirmo que a comparação com o município de São José dos Campos, presente em muitas pessoas, não é justa, por diversos motivos e isso deve ser, de certa maneira combatido, com um projeto de desenvolvimento para a cidade que esteja de acordo com a realidade local, pois, desenvolvimento não diz respeito a aumento e alargamento de ruas e avenidas ou prédios que apenas encarecem o acesso a uma moradia, apresentando vantagem apenas para o mercado imobiliário.  

Por fim, o que desejo com este artigo é provocar uma reflexão sobre necessidades que não podem esperar mais 20 anos. Estas impressões, reafirmo, são parte da percepção, muitas vezes embaçada pela correria de nossas vidas que impede um acompanhamento maior do que ocorre com a administração da cidade. De qualquer maneira, talvez seja por aí que os candidatos devam iniciar seus discursos.

Gustavo Montoia é geógrafo e doutor em Planejamento Urbano e Regional pela UNIVAP. É docente dos Colégios Univap e da EE Francisco Feliciano F. da Silva (Verdinho) e pesquisador-colaborador do Laboratório de Estudos das Cidades da Universidade do Vale do Paraíba.

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