A crucial cibersegurança no advento da Indústria 4.0

O acordo de cooperação técnica que o CIESP acaba de firmar com a Polícia Federal, visando à troca de informações para a prevenção de crimes de alta tecnologia, é um passo importante para que as indústrias paulistas, incluindo as pequenas e médias, estejam mais preparadas diante dos riscos digitais. A iniciativa, pioneira e inédita, fortalecerá muito a proteção cibernética no setor, em especial no contexto do advento da Manufatura Avançada.

Dados alarmantes evidenciam a pertinência da parceria. Apenas no Brasil, o número de crimes digitais aumentou 45% no último ano, resultando em mais de cinco milhões de fraudes e atingindo diretamente cerca de 80 milhões de pessoas, com perdas financeiras estimadas em mais de R$ 40 bilhões. Segundo dados recentes do Senado e da Brascom, o custo total desses crimes em nosso país já ultrapassa R$ 1,5 trilhão.

No ato no qual o acordo foi assinado por mim e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, durante o VII Congresso de Segurança Cibernética, Proteção de Dados e Governança de IA, o diretor- adjunto do Departamento de Defesa e Segurança da Fiesp, Rony Vainzof, apresentou outras informações preocupantes: 41,2% das empresas não possuem qualquer estrutura de cibersegurança, enquanto 23,5% a consideram uma obrigação que não apresenta benefícios para o negócio. Os números são da Pesquisa de Maturidade da Indústria em Cibersegurança, Proteção de Dados e Governança de IA, desenvolvida pela FIESP com base em 300 empresas, abrangendo micro, pequenas, médias e grandes.

Para a indústria, os ataques cibernéticos podem ter proporções muito graves, pois a digitalização crescente das fábricas, que incorporam hardware e software para controlar máquinas e equipamentos, torna as operações de produção também suscetíveis a paralisações. Assim, é muito importante uma forte, determinada e eficiente mobilização contra os ataques digitais. É o que estamos buscando fazer, com o propósito de reduzir os riscos e contribuir para a proteção das empresas paulistas do nosso setor.

Rafael Cervone é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

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