A arte de ajudar

Segundo Bert Hellinger, ajudar é uma arte, e como toda arte, pode ser aprendida e praticada. Ao ajudar, é preciso ter sensibilidade para compreender aquele que procura ajuda, ou seja, ter a compreensão daquilo que é mais adequado a cada um. Isso é extremamente importante, uma vez que as pessoas podem se atrapalhar ao querer ou tentar ajudar alguém que nem sempre quer ou precisa de ajuda.

Nós somos seres que naturalmente dependemos da ajuda de outras pessoas. Precisamos também ajudar, e dessa forma, ajudando e sendo ajudados, nos desenvolvemos. Portanto, a ajuda serve não somente aos outros, mas a nós mesmos. Inclusive o próprio Bert diz que aquele de quem não se necessita, aquele que não pode ajudar os outros, fica só e definha.

Bert Hellinger menciona em sua literatura 5 Ordens da Ajuda e aqui descreverei duas delas:

A primeira consiste em dar apenas o que se tem e somente esperar e tomar (receber) o que se necessita. E a desordem da ajuda aqui começa quando uma pessoa quer dar o que não tem, e a outra quer tomar algo de que não precisa. Ou quando uma pessoa espera e exige de alguém algo que ele não pode dar, porque ela mesma não tem. Também ocorre quando uma pessoa não pode dar algo, porque com isso tiraria do outro algo que só ele pode ou deve carregar e fazer. Então, existem limites no dar e tomar. Faz parte da arte de ajudar perceber esses limites e se submeter a eles. Essa ajuda é humilde.

A ajuda está a serviço da sobrevivência, por um lado, e da evolução e crescimento, por outro. A sobrevivência, a evolução e o crescimento dependem de circunstâncias especiais, tanto externas quanto internas. Muitas circunstâncias externas são preestabelecidas e inalteráveis, por exemplo, uma doença hereditária ou consequências de acontecimentos. Quando a ajuda desconsidera as circunstâncias externas ou não as admite, está fadada ao fracasso. (Hellinger B, Ordens da Ajuda, 7 ed. 2021)

Alguns ajudantes não conseguem suportar o destino do outro e com isso tendem a querer ajudar de forma a mudar esse destino por ser difícil aos olhos do ajudante. Muitas vezes o dono do destino difícil não precisa ou não quer ser ajudado, mas mesmo assim, se deixa ajudar pelo ajudante e com isso o ajudado doa.

A segunda Ordem da Ajuda se refere a nos submetermos às circunstâncias e somente interferir e apoiar à medida que elas o permitirem. Essa ajuda é discreta e tem força.

A desordem da ajuda aqui seria ignorar, negar, encobrir as circunstâncias, ao invés de olhá-las junto com aquele que procura ajuda. O querer ajudar contra as circunstâncias, enfraquece tanto o ajudante quanto aquele que espera ajuda ou a quem ela é oferecida ou, até mesmo, imposta.

Ana Luiza Marangon é Terapeuta Sistêmica e Integrativa, especialista em Constelação Familiar, formada em Economia Doméstica pela Universidade de Viçosa-MG. @ana.luiza.marangon / tel:12.99747.1536

MAIs LIDAS