Há dias que deixam nascer de si sóis amarelos, acácias que flutuam, vento e um pequenino buquê de margaridinhas amarelas; há outros que deixam morrer sentimentos, pessoas, horizontes.
Há dias de escutar mentiras que se aceitam como verdades; outros nos quais soluçamos baixinho ouvindo as sinfonias mais queridas.
Há dias brincalhões e dias sujos; há dias de cetim e dias de algodão cru, sem brilho.
Há dias quando, por ser novembro, explodem jasmins do Cabo, tão cheirosos e limpos, tão do Universo, tão brancos como a nuvem mais alta. Outros, sem jardim nenhum.
Há dias destroçados; outros tão perfeitos, mas tão perfeitos e neles há bambus que balançam ao vento, barulho maravilhoso.
Há dias que nada nos acrescentam, outros quando o pássaro voa e seu ninho está cheio de bicos barulhentos.
Há dias de mal querer; outros de sinos repicando.
Há dias de alegria dançante; outros de larga tristeza, dias de velar o amigo.
Leve sopro, a Vida.
Uma folha ao vento, um amor demasiado no coração.
E muita gente gastando a Vida economizada e transformada em moeda, em trabalho excessivo, em demasiada falta de afeto, amor à vida.
Gente indignada contra o que não fez, sem buscar a raiz, a origem, o amor de verdade.
Gente que cobra, mas não tem a iniciativa para a paz e a alegria.
Gente que esqueceu todas as canções e trocou tudo pelo ódio cultivado de pouco em pouco e vinagre, gente que só parece feliz.
Há dias de estar no mundo e outros de perturbar a paz dos outros.
Dias de rio e dias de oceano.
Dias insólitos: o nascimento de um siso, outros, o nascimento de um canino.
Dias cheios de luz, dias nublados.
Dia de montanha e dia de planície.
Dia de ser barco e de ser navio.
Dia de nascer e dia de morrer. Há dias para tudo.