Lá no Planalto é possível ver tudo e a todos, mas estão inacessíveis como em um enclave: banquetes, luxo, poder acima de todos, como prometido. Chega-se à beira para acenar para aqueles que vislumbram lá embaixo, pois tudo o que querem é apenas ver. Existe uma cruz sem Cristo, e, ao lado, outro está ali, como deus nos corações. Rodeado de sacerdotes, estes parecem muito mais aqueles que incitam a multidão em troca de favores do Império Romano, ameaçando Pilatos, excitados pela proximidade com o poder. O altar é de sacrifícios que promovem caça às bruxas em oferendas recheadas de professores que “doutrinam”, “esquerdopatas” que querem transformar o país em comunista e discurso sobre “erotizar” crianças. A vitória é muito mais
Gustavo Montoia
As multidões escolhem Barrabás, pela desinformação
Breno é um motorista de aplicativo que me levou até minha residência estes dias. Ao comentar sobre parentes mudando-se para o exterior, ele manifestou desejo semelhante. Em nosso diálogo, cheguei a comentar a insatisfação política com o país e o atual presidente. Em meu cenário (e o de muitos), sua reeleição pode piorar mais ainda o país. Nesse momento não consegui falar mais nada, pois, simplesmente o motorista, um jovem de, aproximadamente 20 anos, disparou a falar “então você votará no Lula, no homem mais inocente desse país? Esse cachaceiro, bêbado, que falou que todos deveriam ser mortos na Ucrânia?” Não houve tempo suficiente para abordar a possibilidade de outros candidatos ou que algumas informações eram falsas ou apenas moralismo
Eleições 2022: a escolha de um discurso
O homem da política é assim: ele precisa vencer e sua função é te convencer. Come pasteis na feira, visita templos religiosos, evoca seu passado pobre, coloca-se como a solução alimentando a nossa necessidade terrena de um Salvador, é indignado com aquilo que chama de injustiça e precisa, quase sempre, discursar sobre um passado de ouro, com segurança, educação e estruturação familiar que nunca houve. É um repertório baseado na emoção, nos sentimentos, no desespero dos necessitados ou no ressentimento daqueles que se sentiram à parte no atendimento público ou nos favorecimentos – o que aprendemos é que não existe político honesto o suficiente para isso ser usado como plataforma eleitoral. O que de fato existe é aquele que está disposto a